Ela sonhava em ser alguém na vida, sonhava acordada muitas vezes, sonhava com uma casa esplêndida e planejada cada cantinho, varanda, cozinha, quintal e também já tinha em mente as cores, o cheio e sabores.
Ela
sonhava em estudar, ter uma carreira, que compraria um carrão, nem sabia
dirigir, mas se imaginava abrindo a porta do carro e descendo com aquele salto super
alto e elegante e com toda a elegância do mundo trazia uma bolsa na outra mão.
Ela
tinha a convicção de viajar com os amigos, curtir a vida e toda a vez que tocava
a música que embalava esse sonho, tudo se tornava quase palpável.
Aí,
ela começou, graças a sua mãe a trabalhar no mercado, mais precisamente no
escritório do mercado. Sem experiência, sem nada, sem malícia, com muita
vergonha, com timidez, sem força nas palavras, extremamente obediente ao ponto
de não ter a permissão de sair para ir ao casamento de sua prima e entristecer-se,
calando-se.
Ela
procurava um motivo para trabalhar, dia após dia, porque os patrões não eram
nada fáceis de se prever o momento seguinte. Vivia entre uma alegria exagera e
num segundo o ódio mortal expressado em palavras e atitudes.
Uma
luz advinda da janela lateral certo dia iluminou os corredores e em um deles
trabalhava um repositor engraçadinho, no outro, um repositor alto e no outro um
repositor de olhos verdes e eles passaram a observá-la ao mesmo tempo que
também eram observados por ela e um rosto passou a chamar-lhe a atenção.
O
repositor engraçadinho não era nada dócil, às vezes ríspido com as respostas, gostava
de fazer gracinhas mas não queria graça.
O
repositor de olhos verdes já se fazia mais galante e gostava de conversar.
O
repositor alto era uma mistura dos dois, gostava de conversar, mas tinha algumas
repostas rudes.
E
assim, ela foi tendo alguns motivos para trabalhar dia após dia, a graciosidade,
a conversa e os galanteios.
Um
dia pôde conversar com o engraçadinho, que era muito esforçado por sinal e descobriu
que não tinha concluído nem sequer o primeiro grau, para trabalhar e ajudar no
sustento da família. Ficou realmente compadecida dessa condição que até então
não conhecia: alguém em que a família não priorizava os estudos.
Pensou
em como era privilegiada por poder estar terminando mais um curso técnico, ter
pais que priorizavam os estudos dos filhos mesmo com muito sacrifício.
Então
o que ela fez foi conversar com ele para que pudesse entender como o estudo
seria importante, garantindo-lhe um futuro melhor e que poderia estudar na
forma de supletivo se quisesse, pois ainda eram muito jovem.
E
assim, o engraçadinho começou a chamar-lhe mais a atenção.
Um
dia, o repositor que gostava de conversar pediu para levá-la embora e ela acanhada
e tímida como era, não aceitou e foi embora sozinha.
Passado
alguns dias, o repositor de olhos verdes pediu para levá-la embora e ela
aceitou e foram conversando pelo caminho, tornando-a mais leve por ser comprida
e claro que ele foi galante como sempre era, no entanto, muito respeitoso e
simpático.
E
então passados mais alguns dias, foi a vez do engraçadinho pedir para levá-la
embora e ela aceitou pois estava curiosa para saber mais daquele jovem que
tinha que trabalhar para ajudar a garantir o sustento da família, um jovem com
tanta responsabilidade. Sua voz era firme, tinha as repostas rapidamente formuladas,
não era nem um pouco preocupado em ser galante, mas era também simpático e
respeitoso.
Ela
estudava ainda, fazia um curso técnico na escola da cidade, assim trabalhava o
dia todo e estudava à noite.
O
repositor engraçadinho pegava no pé dela delicadamente e isso foi-lhe chamando
a atenção e seu olhar foi voltando-se somente para ele. Ao vê-lo o coração
batia mais forte, o chão parecia estar fofo ao caminhar.
Então
o coração começou apaixonar-se por aquela raridade de pessoa, que quanto mais
conhecia, mais se encantava. Logo descobriu que ele gostava muito de jogar
futebol, muito mesmo, por isso tinha aquele porte magrelinho: trabalhava muito
e jogava futebol nas horas vagas.
Tinha
um defeito! Fumava! E isso ela não admitia! Nunca jamais, poderia vê-lo nessa
prática e isso ele respeitava.
A
admiração cresce no dia a dia, a descoberta do amor vai acontecendo de pequenos
a grandes momentos.
Ela
sem perceber tinha encontrado o amor de sua vida, sua companhia, seu
companheiro, seu admirador, seu parceiro de aventuras e pai de seus filhos.
O coração dela permitiu os encontros, o coração dele permitiu também, pois as almas se encontraram ali naquele mercado, não por acaso, mas por capricho do destino era ali que deveriam se conhecer, uma vez que não tinham uma rotina em comum, pelo contrário, jamais se encontrariam se não fosse o trabalho no mercado.
E
como sempre existe uma música tema do casal, a música nas vozes de João Paulo e
Daniel: Estou apaixonado, embalou a paixão que nasceu da amizade,
transformando-a no amor, esse amor que se molda nas mais diversas situações,
pois o amor é constantemente testado e o amadurecimento leva à harmonia, à paz,
à felicidade.
A
felicidade é ver que outro está bem, se está feliz ao seu lado à medida que
você se sente feliz ao lado de quem ama.
O
coração apaixonado dela encontrou no coração dele a tradução do que seria uma vida
vivida com amor, sensibilidade e carinho.
Estou
apaixonada e esse amor é tão grande....

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