Perder-se de si acontece diariamente, imperceptivelmente,
silenciosamente, quando cuidamos dos outros e esquecemos de nós.
Me perdi de mim quando tentei fazer somente o que os outros queriam,
calando minhas vontades em prol da felicidade alheia.
Me perdi de mim quando pensei que era insubstituível e só eu sabia fazer tudo
do jeito certo, simplesmente por achar que ninguém poderia fazer as coisas como
eu fazia e na verdade, todo mundo é capaz de arrumar a cama, lavar a louça, guardar
a roupa, mesmo que seja de outro jeito.
Me perdi de mim quando tentei entender a rejeição de minha própria mãe,
buscando nas entrelinhas uma justificativa e mais, tentando agradar para ser
aceita.
Me perdi de mim para encontrar as razões de não merecer o amor na mesma
medida dos outros, buscando receber migalhas de carinho e atenção.
Me perdi de mim para tentar suprir a ausência de voz e atitude na
educação dos filhos.
Me perdi de mim para provar o tempo todo que não fazia jus às acusações
que recebia.
Me perdi de mim para ser o melhor de mim.
Me perdi de mim, quando passei a conter e guardar minhas ideias e
projetos.
Me perdi de mim, quando desanimei de fazer os exercícios físicos de que
tanto gosto e me fazem sentir mais poderosa, cheia de vida e vigor.
E não consigo descrever quantas e tantas vezes me perdi de mim, no
entanto, agora aprendi a me policiar para voltar para mim quando me ver perdida
de mim.
Encontrando-me, começo a me reconhecer.
Reconhecer minhas falhas, meu vazio, onde sou demais e onde sou de menos.
A caminhada de volta para o eu, é longa, mas é possível e necessária para
retornar à estrada do sucesso.
Aprendi que a caminhada é longa, difícil, mas renovadora e começa quando
me reconheço como filha e se vivo é porque o presente mais valioso que meus
pais me deram é, com certeza, minha vida.
Reconhecer-me como filha poderei evoluir em algumas condições essenciais
para que eu possa reconhecer que sou, quem sou e como sou, em todas as minhas
virtudes e defeitos.
Uma observação muito importante que aprendi: quando me perco de mim, as
pessoas à nossa volta não percebem, sabe por que? Porque nem nós mesmos percebemos.
Posso descrever que ser é um grande desafio, principalmente para mim, porque
ser envolve aceitar-me do jeito que eu me vejo e não do jeito que as pessoas me
veem ou me fazem sentir-me que sou.
Sou feliz em primeiro lugar por viver nesse momento, sou caprichosa em tudo que faço, sou aventureira pois os desafios me alimentam, sou questionadora, preocupada, séria e inquieta, sou gentil, sou sonolenta, sou quieta, sou pouco sociável, sou mãe, sou filha, sou líder, sou gestora, sou esposa, sou a causadora dos meus pensamentos destrutivos por acreditar quando alguém diz que não sou suficiente, sou responsável pelas noites de choro por acreditar que sou menos quando alguém tenta colocar uma barreira na minha escalada ou no meu sonho.
Assim sou eu e o que posso fazer para reconhecer-me? Vou começar por dizer-me diariamente que posso ser o que eu quiser e vou chegar onde quero, não vou ter medo de demonstrar meus dons e implementar caminhos para a realização dos meus projetos, vou melhorar minhas condições físicas para me sentir melhor e vou olhar mais nos olhos quando ouvir.

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