A escolha é MINHA

 

Escolhe-se o tempo todo: o que vestir, qual o perfume, por qual rua vou caminhar, o que vou tomar no café, o que almoçar, jantar, quais acessórios vou comprar, o carro que vou dirigir, a casa que pretendo alugar.

Escolho bem ou mal, mas escolho.

Quando tenho a oportunidade de olhar dentro de mim, de ficar comigo, algo inesperado acontece, algo gigantesco começa a acontecer: me coloco a serviço de viver, aí vem a mente (querendo proteger) e cria o medo.

O medo vem com resistência e dessa resistência nasce uma barreira. A barreira que nada mais, nada menos é que o obstáculo, muitas vezes me impedia de evoluir meus sentimentos, me livrar de amarras, de curar minhas moções. Então decidi praticar.

Praticar a arte de me colocar em movimento para melhorar as condições psíquicas que resultam no adoecimento a cada tristeza e durante essa caminhada de cura, aprende-se a desmontar as armaduras do medo para se permitir moldar para o novo formato.

 

Vida é relacionamento.

A natureza humana tem por essência ser afetuosa.

Nesse ponto, entra mais uma escolha que se faz na vida, a única escolha que é feita por nós na pirâmide da força: a escolha de quem vai nos acompanhar.

Não consigo mais esquecer que sou fã de mim e o treino diário desse reconhecimento vai fazer a conexão com a escolha que preciso fazer.

Como responsável pela minha escolha devo estar ciente que essa escolha é feita para haver uma fusão.

A única pessoa que realmente escolho é o parceiro da minha vida, então digo que estou muito feliz com a escolha que fiz e fiz sabendo que dentro de cada homem existe um kit, porque ele é humano, assim como nós temos nosso kit, ele tem o tem e traz para a relação do casal.

A relação de casal começa a ser valiosa quando me responsabilizo pela minha escolha, porque trata-se de uma eterna construção, nunca vai ficar pronta porque a vida é movimento.

 

A cada escolha que faço, me modifico.

No casal, a soma um mais um é igual a três e não está errado: o homem chega com suas histórias de vida, a mulher chega com suas histórias de vida. No encontro, forma-se uma soma em construção que precisa se fundir e quando essa fusão acontece, surge a única e incompreensível relação do casal: é uma única mistura no mundo.

A terceira parte só vai nascer com a entrega e com a compreensão. Não é uma relação de ensinar porque não há uma pessoa superior.

A relação do casal é uma relação de troca: o que dou é exatamente o que recebo e isso viabiliza a fusão, porque é uma relação única, nova, não é do jeito de um ou de outro, é uma relação de diferentes, onde o homem é a força, é guerreiro, é a razão, é o foco, vai à frente. O homem tem como ânsia, a liberdade, já a mulher é atenta, é comunicativa, observadora, é mais livre.

A plenitude da fusão é o encontro da energia feminina com a energia masculina e com a certeza de que é real e existem as diferenças entre um e outro, inicia-se a satisfação, porque é uma relação de exigência e dependência.

Nós amamos as pessoas, nós não mudamos as pessoas.

Assim, eu amo você do jeito que você é, eu amo tudo, tudo, tudo que nos conduz, amo nossas diferenças, amo que cozinha para nós, amo que gosta de estar com os amigos, amo que gostar de tomar aquela cervejinha para relaxar depois de um exaustivo dia de trabalho, amo te ver chegar do trabalho, amo quando se estressa e logo dá um sorriso maroto...

Só que é muito difícil amar a dor do outro. Amar as qualidades, as virtudes, a parte boa, carinhosa, cuidadora, sensível, acolhedora, é moleza, no entanto, para a plenitude do casal, para a completa fusão é imprescindível amar também os defeitos: ficar chateado com qualquer coisa, ter o pavio curto, explodir sem necessidade, usar muito o celular, só gostar de assistir futebol, gostar de assistir as novelas, não gostar de ler...

Quando falo do meu desejo, quando expresso minhas vontades humildemente, reconheço minha dependência e quando não consigo é porque tenho uma ânsia para que as coisas sejam feitas do meu jeito, sendo que no casal não sou só eu, somos nós.

A parte prática que aprendi para me colocar no meu lugar dentro da relação é dar ao meu escolhido parceiro, seu devido lugar. O lugar de destaque: quando chego do trabalho, meu olhar deve ser dirigido a ele primeiramente para demonstrar minha satisfação e alegria em tê-lo ao lado, assim quando ele chega, preciso me dirigir a ele para que entenda como é importante para mim, seu retorno, sua chegada. Com ele vivo algo único, é minha prioridade, a base da minha vida adulta.

Na fusão nos fortalecemos ao ponto de nos comunicarmos apenas pelo olhar, por gestos, pela companhia, pela música, pelo cuidado.

Vida é fusão. Vida é conclusão.

Duas dificuldades básicas podem atrapalhar o acontecimento dessa fusão: amores anteriores e a relação com nosso pai.

Os amores anteriores precisam estar concluídos e a eles devemos honra, respeito e gratidão para fechar o ciclo. Se nos causaram traumas, tendo por base que a vida é conclusão, as histórias de amores passados precisam ser concluídas e a forma mais leve de fazer isso é olhar para cada antigo amor e se despedir dele, agradecendo o vivido, honrando o sentimento envolvido e agradecendo pelo que passou.

A relação com o pai, traz lembranças, vivências que ficaram presos na nossa alma e precisam ser libertadas para que se possa viver plenamente a vido de casal, assim lembrar do tom de voz, da seriedade, do afastamento, da traição, da rigidez, da falta de carinho, das brincadeiras sem graça, das discordâncias, das discussões, da agressividade, das carícias, da desconfiança...

A presença fará a libertação, as pazes com o masculino para ficarmos livres, totalmente livres para o marido. Assim, é preciso observar para fechar e progredir. O masculino são todos.

Assim, as pazes são o reconhecimento de quantas vezes meu pai me levou para a escola de bicicleta, chegou em casa com doces, quando me deu de presente uma boneca, quando me levou para passear, cuidou de mim, me guiou, me deu segurança, me deu a oportunidade de estudar, não nos deixou faltar nada na mesa. Sou grata pela pessoa maravilhosa que foi e é.

Reconheço que meus chefes de trabalho me proporcionaram o crescimento profissional através de desafios, me apoiaram sempre que precisei, defenderam-me quando necessário, se preocuparam com o bem estar do setor, foram honestos, íntegros, amigos. Reconheço em meus irmãos a preocupação, o ciúme, a alegria, a facilidade de deixar a vida mais leve, a boa convivência, os conselhos, as observações, as ponderações, as atitudes.

Reconheço em meus amigos, a alegria da companhia, a conversa, a amizade, os contos, os descontos, a preciosidade da confiança, da nitidez da alma, as confidências, a segurança, os ensinamentos. Reconheço nos meus filhos, a lealdade, a vida, a alegria, a responsabilidade, a obediência, a educação, a vontade de estudar, a vontade de ser alguém, a vontade de progredir, as conversas, os olhares, o amor, a decência da alma, a fé.

 

Reconheço em meus primos e cunhados, a alegria, a vida em família, o cuidado, as conversas, as brincadeiras, a inocência, a leveza da alma, a preocupação, a sensatez, o cumprimento dos deveres, a segurança, a lealdade, a empatia.

Assim fecho o percorrido, o tratado de paz, o tratado de tudo de bom que pude lembrar neste momento em relação aos homens de minha vida, a força masculina de minha vida e então me liberto para viver intensamente a vida de casal no relacionamento com a escolha que fiz.

Homens e Mulheres são muito diferentes e eles funcionam juntos, mesmo com as diferenças e é esse o mistério da perfeição da relação. O homem é capaz de dar a vida para proteger, a mulher gera a vida. O amor do casal vem de uma máxima: eu te amo e amo tudo que nos conduz.